Publicações

Direito autoral na IA generativa: licenças, riscos e governança

25/08/2025

Por que o tema voltou ao centro do debate

Nos últimos dias, veio a público uma nova ação judicial no Brasil envolvendo o uso de conteúdo jornalístico por sistemas de inteligência artificial generativa. O fato recoloca em evidência pontos sensíveis do direito autoral na IA generativa: bases legais para treinamento de modelos, licenciamento e remuneração, limites de uso de obras protegidas e responsabilidades de cada agente na cadeia de valor.

O que o contencioso deve testar

O contencioso tende a testar como a Lei de Direitos Autorais e a jurisprudência brasileira se aplicam tanto ao treinamento quanto às saídas dos modelos. Como a legislação não trata de forma específica o aprendizado de máquina com obras protegidas, ganham peso perguntas práticas: quais autorizações são necessárias para incorporar acervos jornalísticos a datasets; como lidar com conteúdos obtidos por raspagem; o que fazer diante de paywalls; e de que modo registrar, auditar e comprovar a origem do material utilizado.

Pontos de atenção para empresas de IA

Para empresas que desenvolvem, integram ou contratam soluções de IA, o momento pede inventário claro das fontes de dados, documentação de origem e revisão de contratos. O licenciamento de conteúdo para IA precisa definir escopo, finalidade e duração, com cláusulas de alocação de risco, garantias de não infração e mecanismos de auditoria de datasets. Quando o serviço é contratado de terceiros, vale verificar opções de não utilização do conteúdo do cliente para treinamento e políticas de retenção que evitem reuso indevido.

Licenciamento e métricas para veículos e titulares

Para veículos e titulares de direitos, o debate envolve modelos de licenciamento sustentáveis, métricas de uso que permitam remuneração adequada e canais de negociação que reduzam assimetrias. Transparência sobre como dados são coletados e empregados, combinada a trilhas de auditoria e filtros contra reproduções extensas de trechos protegidos, ajuda a diminuir atritos e a dar previsibilidade ao ecossistema.

Estabilidade jurídica para inovar

O que está em jogo é a estabilidade jurídica para inovar, a viabilidade econômica da produção de conteúdo e a confiança nas aplicações de IA. Decisões que surgirem podem orientar padrões de mercado, cláusulas contratuais e políticas internas. Quanto mais cedo as organizações estruturarem governança de dados, políticas autorais e processos de auditoria, maior a chance de conciliar inovação com respeito aos direitos de terceiros.

Acompanhe nossos canais digitais e fique por dentro desse e de outros temas.

Publicações relacionadas

20/08/2025

Patentes em Inteligência Artificial: consulta pública do INPI e impactos para empresas

Nova consulta pública do INPI sobre IA Empresas que já utilizam Inteligência Artificial em seus produtos e processos agora têm uma referência concreta para planejar […]

Leia mais
31/07/2025

Alvará judicial para filmagens com menores de idade: entenda quando é obrigatório e como obter

A participação de crianças e adolescentes em produções audiovisuais exige, em muitos casos, o alvará judicial para filmagens com menores de idade, conforme previsto no […]

Leia mais
21/05/2025

STJ AUTORIZA PENHORA DE RESTITUIÇÃO DO IRPF

O STJ autorizou a penhora de valores recebidos a título de restituição do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), desde que não tenham origem salarial. […]

Leia mais